Segundo Seminário de Tecnologia Nautica Rio de Janeiro 2018

Pelo segundo ano consecutivo a Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (SOBENA), através do seu Comitê Permanente de Pequenas Embarcações, realizou, nos dias 21 e 22 de novembro, o Seminário de Tecnologia Náutica. Tendo como anfitrião desta edição o Iate Clube do Rio de Janeiro, na Urca, o evento reuniu cerca de 130 participantes ao longo dos dois dias.

Esse ano o evento contou com 18 palestrantes convidados, das mais diversas áreas de atuação no segmento, distribuídos em seis painéis temáticos e, pela pluralidade dos assuntos abordados e também pela proximidade com um público voltado para a náutica, por estar dentro de um clube com maior tradição náutica no Brasil, o evento agradou tanto aos costumeiros participantes técnicos, profissionais da indústria, quanto aos entusiastas do setor, curiosos e amadores. Dessa forma, a SOBENA vai se consolidando como referência técnica também para o setor náutico, tão importante pro desenvolvimento econômico do país.

Em se tratando de desenvolvimento, inclusive, após a abertura do presidente da entidade, subiu ao palco o Sr. Jorge Cunha, Superintendente de Projetos Estruturantes do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que prestigiou o evento para anunciar as medidas que o Governo Estadual está aprovando para incentivar o desenvolvimento do setor no Estado Fluminense. Apoiando institucionalmente o evento, o Governo do Estado do Rio de Janeiro está ainda criando um Grupo de Trabalho Técnico, que envolve representantes de diversas áreas ligadas ao setor – inclusive a SOBENA – para discutir e auxiliar na implementação de pautas que privilegiem a indústria e o mercado náutico.

Após a abertura o construtor e pesquisador Willian Peña, dono do estaleiro WP Catamarãs, subiu ao palco para abrir o primeiro painel, dedicado ao projeto de embarcações. Em sua palestra Willian abordou temas como a dificuldade de implementação de logística que apoie o projeto modular de embarcações e também os principais aspectos de um projeto de embarcação produzida para exportação.

Seguiu-se a palestra do designer Nelson Mitake que chamou a atenção para o alto padrão de embarcações e o espaço ainda a ser preenchido por modelos de embarcações de esporte e recreio que atendam a nichos específicos em todo o país. Com um olhar otimista do mercado, Mitake mostrou o potencial do segmento dos 35 pés, que ele chamou de “lancha dos brasileiros”, numa alusão à preferência do mercado nacional por este tamanho de embarcações de planeio.

Após o almoço, no painel dedicado às inovações sobretudo em embarcações de serviço, o construtor Lorenzo Souza, dono do estaleiro Holos Brasil, uma das patrocinadoras do evento, apresentou sua tecnologia de embarcações autônomas movidas a energia solar. Hoje sócio de uma empresa dedicada a essa atividade, Lorenzo Souza mostrou o potencial desse tipo de embarcação para o mercado de serviços no Brasil e deixou o público com a certeza de que pretende desenvolver maiores inovações para esse segmento nos próximos anos.

Em seguida, subiu ao palco o pesquisador baiano Marcelo Bastos, que trouxe à tona a tecnologia secular dos saveiros a vela da Baía de Todos os Santos. Bastos, que tem um projeto aprovado junto ao Ministério da Cultura para a documentação dessas embarcações, mostrou sua pesquisa que utiliza da engenharia reversa, através da técnica de fotogrametria digital, para gerar modelos tridimensionais fiéis de qualquer embarcação. Com essa técnica, pode-se extrair importantes parâmetros do casco com rapidez inigualável.

Depois foi a vez do engenheiro Alexandre Ferreira Correia, representante da BR Distribuidora, patrocinadora máster do evento, apresentar os melhores combustíveis disponíveis no mercado, já no extremo da inovação, e tirar muitas dúvidas do público presente, abordando esse tema tão técnico com uma linguagem acessível e prática. Correia mostrou como as propriedades como octanagem e cetano para gasolina e diesel marítimos, respectivamente, além de trazerem resistência à oxidação e menor formação de espuma, podem contribuir para melhores práticas de abastecimento no setor náutico.

No terceiro painel, Marcio Dottori subiu ao palco e, com sua larga experiência em testes com as mais diferentes embarcações ao longo de sua carreira, propôs dicas de projeto valiosas para todos os projetistas de lanchas, entusiastas do assunto e donos de embarcação, que puderam ver de perto detalhes de forma e sistema apresentados pelo palestrante tão úteis tanto para novos projetos quanto para os processos de compra e venda. Dottori chamou a atenção para as expectativas principais de quem quer adquirir uma lancha e as diferenças de forma para cada objetivo, cobrindo, em poucos minutos, um amplo espectro do projeto de lanchas.

Finalizando as apresentações do primeiro dia do evento, subiu ao palco o Sr. Roberto Geyer, velejador e construtor naval amador. Geyer dividiu sua experiência de construção de três barcos em madeira e de sua história de vela e de manutenção de seu veleiro Cairu III, hoje com 58 anos, que ainda corre regatas, um exemplo de longevidade de uma embarcação. O público viu ao vivo a experiência de quem aprendeu com os livros a gostar de construção amadora e ainda se sentiu motivado por Geyer a iniciar a construção de um Dinghy 12 pés que, segundo o palestrante, tem muito potencial de se tornar classe no país através da sua popularização entre novos construtores amadores.

Clique aqui e confira como foi o segundo dia de evento.

Sobre o Autor  


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 Luiz Carvalho

É Engenheiro Naval formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Com larga experiência como velejador, já correu regatas nas classes Laser, Snipe e finalmente como tripulante na ORC, participando de importantes eventos, como a Regata Internacional Santos – Rio. É um apaixonado por barcos e acredita que reside um grande potencial a ser explorado no povo brasileiro, através de políticas voltadas para a imensa costa atlântica e os milhares de quilômetros de rios navegáveis de que o país dispõe.

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