Inaugurando nossa seção de posts de resenhas de alguns bons filmes sobre o que mais gostamos…barcos!
O filme conta a história da façanha de uma garota de apenas 14 anos, de dar a volta ao mundo em solitário a bordo de um veleiro.
O filme tem um formato de documentário no qual grande parte das cenas foi filmada pela própria protagonista durante a viagem, de forma bastante informal. Essa forma de documentar transmite uma naturalidade que não é muito comum a documentários e que confere um ritmo bastante interessante ao filme. No entanto, um velejador mais atento vai sentir falta de um material mais voltado para o dia-a-dia a bordo, já que a narrativa é muito baseada no que a garota sente e pensa.
Partindo diretamente para o início da viagem, o filme não segue uma ordem cronológica dos fatos que tiveram como desfecho a circunavegação mas, de forma muito inteligente e espontânea, insere toda a história da velejadora por detrás do seu próprio relato de viagem no contexto do filme. Fatos que moldaram o caráter de Laura como as primeiras experiências no mar e o divórcio dos seus pais se mesclam com suas travessias oceânicas e seus longos momentos de solidão.
É interessante perceber também que apesar de a viagem ser em solitário, deve haver uma grande equipe de apoio, sobretudo em cada porto de escala da viagem, já que nesses pontos da narrativa, Laura passa a ser filmada em terceira pessoa e de uma forma sensivelmente mais profissional.
Nesse ponto, acredito que o filme falhe em não documentar alguns dos procedimentos pelos quais Laura tinha que passar ao desembarcar em um país estrangeiro, por exemplo, como a passagem pela aduana e o abastecimento do barco. Dá impressão que o espectador já deva saber de antemão que uma menina de 14 anos não poderia pagar todas as contas de uma viagem dessas sozinha não fosse a participação de vários patrocinadores, como a própria Volvo Penta, que aparece constantemente como um grande adesivo colado à retranca do veleiro de Laura.
À medida que o filme avança, vai se percebendo que a antes calma e serena Laura se transforma numa batedora de recordes, a menina que quer entrar no livro Guinness, que é a real motivação para a viagem, numa clara referência à competição travada com outras jovens velejadoras em solitário que estavam tentando o mesmo recorde simultaneamente. Isso, claro, não diminui o tamanho do desafio enfrentado por Laura nessa empreitada.
Apesar do ritmo de um documentário ser muito mais ágil que o de uma viagem de volta ao mundo em dois anos, dá pra assistir a esse filme com uma tranquilidade de quem planeja uma viagem como essa, de quem sonha com o próprio barco e que quer a mesma experiência, mesmo que seja dentro de uma baía perto do quintal de casa.
A propósito, o barco que Laura veleja, o Guppy, é um Jeanneau Gin Fizz de 1978, armado em ketch. As características estão no site da própria velejadora.
O filme está disponível também no Netflix para assinantes!
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