O Brasil é um país continental. Compreende mais de 8 mil quilômetros de costa e muitos milhares de quilômetros de rios. Nesse grande cenário, é natural, e desejável, que a construção naval evolua e se torne uma fonte de renda para muitas famílias, desde os ribeirinhos até os grandes industriais, donos de estaleiros gigantescos. No entanto, nossa realidade é um pouco confusa nesse aspecto. Já fomos o segundo maior construtor naval do mundo, atrás apenas da Inglaterra, mas isso já faz muito tempo. De lá pra cá vimos muitos altos e baixos nessa indústria. Hoje, infelizmente, vivemos um momento de baixa no setor industrial de construção naval de grandes embarcações.
No entanto, o que precisamos enxergar é que o setor de construção naval de pequenas embarcações não necessariamente precisa sofrer como o setor industrial. Isto porque depende de outras premissas, como por exemplo, o poder de compra dos construtores amadores, que tem um perfil totalmente diferente – e até oposto – ao do industrial. Estes amadores são, em geral, pessoas comuns que poderiam pagar pelo “barco próprio” e que eventualmente num momento de crise opta por não ter esse gasto, o que é bastante justo. Esse perfil pode então optar por construir lentamente seu veleiro, sua traineira ou o barco a remo que vai lhe permitir passear com a família nos fins de semana.
O crescimento de estaleiros de pequenas embarcações pode – e deve – ser guiado independentemente do restante do setor naval, sobretudo porque lida ainda com outras questões práticas, como por exemplo, quando um pescador profissional precisa de um novo barco, de um reparo, ou mesmo – no caso do BRANA – da mão-de-obra (tanto profissional quanto de entusiastas) que um estaleiro-escola forma.
Se tomarmos como exemplo os pequenos estaleiros e oficinas espalhados por todos os EUA, veremos que temos um bom exemplo no qual nos espelhar. Trata-se de um país em que o projeto de uma embarcação, bem como a sua construção, pode ser efetivamente feito por qualquer pessoa com um conhecimento básico para tal. . O acesso aos materiais, às instruções e ao próprio mercado de serviços de náutica já é bem consolidado, permitindo ao iniciante, ou ao aluno, integrar-se rapidamente. Certamente não há uma receita para esse sucesso, mas podemos hoje visualizar um cenário colaborativo para criação de conhecimento compartilhado e de fácil acesso para todos àqueles que desejam começar a construir o seu primeiro barco.
Se você já pensou, ou está pensando em construir seu barco, pode então começar a se preparar. O custo pode não ser assim tão estratosférico como você imagina e o processo pode ser muito mais amigável e estar mais próximo do que nunca. Para ajudar, novas tecnologias estão disponíveis, tais como os kits de construção, sobre os quais já comentamos em posts anteriores. Então, é hora de arregaçar as mangas e começar! Conte com a gente pra te dar aquela forcinha ;)