Como posso desenhar meus próprios barcos? E como desenhar barcos funcionais, reais e úteis? Bom, nós já abordamos um pouco desses assuntos na nossa série sobre projetos, que você pode conferir aqui e aqui. No entanto, pouco se falou sobre o trabalho de um projetista profissional na concepção de um pequeno barco de lazer ou serviço. Qual o papel de um projetista naval?

Esse profissional, que no Brasil é formado por meio de um curso de Tecnologia da Construção Naval (no qual se formam tecnólogos em construção naval) ou no curso de Engenharia Naval. Tecnólogos em construção naval ou engenheiros navais devem ter conhecimentos suficientes para garantir que uma embarcação seja viável tecnicamente. Isso significa dizer que esses profissionais estão munidos de conhecimento em hidrodinâmica, estabilidade, estrutura, entre outros assuntos variados, dependendo da ênfase da sua formação. Esses conhecimentos podem cobrir desde aspectos logísticos da operação de embarcações até aspectos administrativos da construção, como organização de processos e de recursos humanos.

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No entanto, não existe ainda no Brasil um curso que enfoque especificamente na formação do profissional que atuará na construção do conceito de design da embarcação. Hoje cabe muitas vezes ao cliente, aquele que cria a demanda pela embarcação, a decisão que caberia também a uma figura rara no cenário nacional, o designer de embarcações, ou o também chamado arquiteto naval. O papel desse profissional é aliar a criação de um conceito de design à viabilidade e funcionalidade da embarcação.

Na Europa e nos EUA a situação é diferente. Há dezenas de escolas especializadas não só no ensino da construção naval, mas também no ensino de projeto direcionado às embarcações de esporte e recreio, miúdas e médias, de todo tipo de material. Trata-se de um nicho que já demonstra como aquele mercado está voltado para o setor náutico e como as autoridades responsáveis procuram fazer esse mercado crescer com os incentivos para a formação de novos projetistas. Cursos mais curtos e focados em pequenas embarcações de esporte e recreio tornam-se mais atrativos aos entusiastas ou jovens estudantes apaixonados por barcos. Essa política certamente gera mais resultados, uma vez que não exige uma longa formação acadêmica para permitir que o estudante comece a produzir e, além disso, ainda cria uma forte comunidade, unida e produtiva.

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Veja, por exemplo, dois casos diferentes. A Westlawn, uma escola de cursos à distância por correspondência que existe desde 1930 e que formou alguns dos mais renomados projetistas do mundo, possuí dois cursos de projeto, sendo um completo e profissional e o outro básico e introdutório, atendendo todos os gostos. Já a Landing School, tema do nosso último post, é uma escola que une todas as quatro grandes áreas de conhecimento de náutica num só lugar. Com um curso de projeto presencial de 10 meses intensivos, o aluno forma-se com um perfil arrojado, já engajado nessa comunidade e certamente já com um bom currículo.

São esses exemplos que precisam começar a surgir também no Brasil. BRANA acredita que a cooperação entre os profissionais da área, a formação de cursos mais curtos e a consolidação de uma comunidade forte e integrada podem começar a fazer a diferença nesse setor. Propostas que possam auxiliar na formação específica do projetista naval no Brasil já existem e agora precisam começar a construir esses futuros profissionais, e incentivá-los a produzir, sobretudo em conjunto, para fortalecerem-se e passarem a fazer a diferença.

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